Filho de pai maestro e mãe pianista, Luciano Perrone (Rio de Janeiro, 1908
– 2001) teve uma boa formação musical estudando canto e posteriormente piano,
ainda na infância. Iniciou sua carreira musical aos 14 anos de idade fazendo
efeitos sonoros para o cinema mudo da Odeon, onde juntava peças da banda
sinfônica como tarol (em cima de uma cadeira), um prato (pendurado numa grade)
e um bumbo (ainda sem pedal) que era chutado ou tocado com baquetas. Em poucos
anos, Perrone que era um dos poucos ritmistas habilitados a ler partituras
(senão o único) se tornou o baterista mais requisitado do Rio, atuando em
bailes, orquestras, jazz bands,
teatros e etc. A partir de 1927, com o início das gravações elétricas (que
possibilitaram a utilização de instrumentos percussivos), passou a atuar em
diversas gravações, sendo apontado por alguns pesquisadores como o responsável
pela primeira gravação de bateria em 1927 (apesar de outros pesquisadores
atribuírem o feito ao baterista Aristides Prazeres). De qualquer modo, foi com
a gravação de faceira (autoria de Ary
Barroso e interpretação de Silvio Caldas) em 1931, que Perrone colocou a
bateria em destaque, podendo ser considerado o primeiro solo de bateria gravado
no Brasil (ouça aqui).
(Luciano Perrone) |
Responsável
por fazer importantes adaptações de ritmos brasileiros da percussão para a
bateria com extrema habilidade, sugeriu ao maestro Radamés Gnattali – com quem
trabalhou por 59 anos – que distribuísse as frases rítmicas da percussão para os
outros instrumentos. Tal sugestão foi desenvolvida pelo maestro, revolucionando
a orquestração da música brasileira e dando vida ao famoso arranjo de “Aquarela
do Brasil”. Desse modo, Luciano gravou uma série de importantes discos da
música brasileira, trazendo grandes contribuições não só para o desenvolvimento
da bateria no Brasil, mas para a música popular brasileira como um todo. Trabalhou
na Rádio Nacional por 25 anos – tocando inclusive no programa inaugural –, integrou
a Orquestra Sinfônica Nacional como timpanista, fez turnês por diversos países
e foi eleito pelo público como melhor baterista brasileiro por três anos
seguidos (a partir de 1950). Sua extrema e singular habilidade em tocar samba
na bateria foi retratada na música O samba com Luciano de Luiz Bandeira, gravada pelo próprio Perrone que
recebeu tal homenagem no programa “Noite de Gala” apresentado por Flavio
Cavalcante em 1958 na TV Tupi. Lançou em 1963 o LP Batucada Fantástica – Os ritmistas brasileiros conduzidos por Luciano Perrone que poucos anos depois foi premiado com o Grand Prix International du Disque na França. Em 1972, ano em que
completou 50 anos de carreira, gravou o Batucada
Fantástica volume III.
Referências:
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular
Brasileira. Rio de Janeiro, Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural
Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
BARSALINI,
Leandro. As Sínteses de Edson Machado: Um Estudo sobre os padrões de Samba na
bateria. Campinas, Unicamp, 2009.
BARSALINI,
Leandro. Modos de execução da bateria no
samba. Campinas, Unicamp, 2014.
DAMASCENO, Alexandre. A batucada fantástica de Luciano Perrone: sua performance musical no contexto dos arranjos de Radamés Gnattali. Campinas, Unicamp, 2016.
SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: das origens à modernidade. São Paulo: Ed. 34, 2008.
DAMASCENO, Alexandre. A batucada fantástica de Luciano Perrone: sua performance musical no contexto dos arranjos de Radamés Gnattali. Campinas, Unicamp, 2016.
SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: das origens à modernidade. São Paulo: Ed. 34, 2008.